sexta-feira, 27 de julho de 2018

Ninguém deveria trabalhar só por paixão


Paixão não remunerada mata de fome. Se não você, que tem alguém te sustentando em casa pra fazer trabalho voluntário, mata o outro, que estudou pra fazer a mesma coisa e não consegue achar quem pague, porque tem gente fazendo de graça.
Estamos cada vez mais acostumados ao entretenimento exploratório. Assisto, depois decido se pago; consumo, critico e decido se vale minha moeda. Isso quando não me encho de shows, exposições, filmes e peças de teatro e depois chamo de vagabundo quem estuda artes; consumo conteúdo cultural de graça, critico quem não tem o mesmo repertório e apoio corte de verbas para a cultura.
Milhões de artistas acham que se fizerem as coisas de graça um dia vão ser reconhecidos; que se derem algumas demonstrações, vai chegar o dia em que vão ser bem pagos. Só que o mundo da arte, assim como muitos, depende muito de quem são seus contatos, mais do que como é o seu talento.
Quem trabalha de graça “por paixão” destrói a própria categoria. Quem tem um pouquinho de visão sistêmica e amor pelo que faz, se mobiliza para valorizar a própria atividade e fazer com que os outros também valorizem.

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