Paixão não remunerada mata de fome. Se
não você, que tem alguém te sustentando em casa pra fazer trabalho voluntário,
mata o outro, que estudou pra fazer a mesma coisa e não consegue achar quem
pague, porque tem gente fazendo de graça.
Estamos cada vez mais acostumados ao
entretenimento exploratório. Assisto, depois decido se pago; consumo, critico e
decido se vale minha moeda. Isso quando não me encho de shows, exposições,
filmes e peças de teatro e depois chamo de vagabundo quem estuda artes; consumo
conteúdo cultural de graça, critico quem não tem o mesmo repertório e apoio
corte de verbas para a cultura.
Milhões de artistas acham que se fizerem
as coisas de graça um dia vão ser reconhecidos; que se derem algumas
demonstrações, vai chegar o dia em que vão ser bem pagos. Só que o mundo da
arte, assim como muitos, depende muito de quem são seus contatos, mais do que
como é o seu talento.
Quem trabalha de graça “por paixão”
destrói a própria categoria. Quem tem um pouquinho de visão sistêmica e amor
pelo que faz, se mobiliza para valorizar a própria atividade e fazer com que os
outros também valorizem.
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