quarta-feira, 25 de maio de 2016

O que inspira

Há algum tempo achava a inspiração arredia, impossível de ser convocada. Desde alguns acontecimentos na minha vida, no entanto, descobri algo que me inspira: novidade.  Um livro novo, uma viagem, uma experiência nova, um curso, algo que tire da rotina.
Odeio admitir, mas até novidades ruins me levam a escrever: uma decepção amorosa, uma tragédia, uma insônia melancólica provocada por reflexões incontornáveis. Em maior ou menor escala, as novidades atraem a inspiração.
Caso queira tentar, não precisa ficar esperando que o destino traga algo diferente. Vale a pena provocar também, buscar o que faz a mente sair um pouco do automático, fazer as coisas de um jeito diferente, inesperado. Sei lá, ser criativo.
O filósofo Roger-Pol Droit sugeria, para sair da rotina, correr em um cemitério, telefonar para si mesmo, beber e urinar ao mesmo tempo. Tem muita coisa que a gente pode fazer para que nosso dia seja diferente sem comprometer o que precisa ser igual.

Se não trouxer a inspiração, ainda assim pode ser bem divertido.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

A leitura sempre adiada

Quando publiquei meu primeiro livro, muita gente que conheço mostrou entusiasmo, mas poucos o leram. Sabia que isso poderia acontecer, mas não dá pra negar uma certa decepção.
Em muitas ocasiões fiquei me perguntando porque as pessoas não o liam. Com a autocrítica ativada, achava sempre que o problema era eu: sou chata a ponto da pessoa achar que o livro será chato, a pessoa leu e parou, leu, mas não gostou... Enfim, diversas hipóteses autodepreciativas.
Um dia resolvi analisar um pouco mais o perfil de gente que lia e de gente que não não lia e cheguei a uma constatação que não me deixou muito mais feliz: muitas pessoas não leem. Nada. Nem livros, nem revistas, nem jornais, nem artigos de internet. Muitas das pessoas que se mostraram entusiasmadas para ler meu livro e nunca leram são as mesmas que comentam a manchete sem ler a notícia, que vivem dizendo “não li o texto todo, mas acho...” Na maioria dos casos, o problema não era eu.

Meu ego ficou mais tranquilo, mas meu otimismo não.