Há algum tempo achava a inspiração arredia,
impossível de ser convocada. Desde alguns acontecimentos na minha vida, no
entanto, descobri algo que me inspira: novidade. Um livro novo, uma viagem, uma experiência
nova, um curso, algo que tire da rotina.
Odeio admitir, mas até novidades ruins me
levam a escrever: uma decepção amorosa, uma tragédia, uma insônia melancólica
provocada por reflexões incontornáveis. Em maior ou menor escala, as novidades
atraem a inspiração.
Caso queira tentar, não precisa ficar
esperando que o destino traga algo diferente. Vale a pena provocar também,
buscar o que faz a mente sair um pouco do automático, fazer as coisas de um
jeito diferente, inesperado. Sei lá, ser criativo.
O filósofo Roger-Pol Droit sugeria, para
sair da rotina, correr em um cemitério, telefonar para si mesmo, beber e urinar
ao mesmo tempo. Tem muita coisa que a gente pode fazer para que nosso dia seja
diferente sem comprometer o que precisa ser igual.
Se não trouxer a inspiração, ainda assim
pode ser bem divertido.