Você já parou pra pensar
quanto tempo um escritor levou para escrever um livro que você levou semanas para
ler? Alguns levam meses, outros anos mexendo e remexendo no mesmo livro.
Geralmente, um escritor ainda precisa lapidar, revisar, reescrever o que não
ficou tão bom assim… Ou seja: ele não só passou muito tempo lidando com o mesmo
texto, como ele passou muito tempo lidando com uma versão pior do que a que foi
publicada.
Muitos leitores e
especialmente escritores têm a impressão de que para poder falar que o livro é
bom, o autor precisa amar profundamente todas as personagens, admirando suas
qualidades e defeitos e jamais se enjoar delas – o que é uma ilusão.
Tem personagens que eu
adoro, como se fossem pessoas vivas, minhas conhecidas. Isso não quer dizer que
eu sempre tenha paciência com elas ou que queira vê-las todo dia. Às vezes
preciso me afastar um pouquinho, dar um tempo na relação para que não fique um
relacionamento excessivo. E às vezes eu canso delas também, tenho preguiça de
voltar a escrever a sua história porque simplesmente eu lidei mais com elas do
que gostaria.
Isso quer dizer que o
livro ou as personagens são ruins? De jeito nenhum! Algumas coisas são lindas,
mas não tanto a ponto de serem idolatradas todos os dias. Por fim, acontece
muito o fenômeno oposto ao do autor que quer se promover sem fim e alega
idolatrar todos os dias o próprio livro: o da rejeição. Eu já passei por isso e
conheço outros que passaram: justamente por achar que um autor deve adorar
tanto o próprio livro a ponto de nunca se cansar dele, muitos autores, quando
se cansam, acham que o livro está ruim e o abandonam como uma obra mal feita.
Quer uma dica? Se você
escreveu, lapidou, se dedicou e chegou, em algum momento a amar o trabalho que
fez, não exija tanto do resultado final. Tem uma hora que a gente tem que
deixar o julgamento aos leitores.